O custo médio de emissão da dívida pública do Brasil atingiu 13,05% em abril, o maior nível desde janeiro de 2017, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo Tesouro Nacional.
O aumento reflete o peso contínuo de juros elevados e a persistência da inflação sobre a saúde fiscal do país.
Em março, esse custo estava em 12,61%, o que já era considerado alto.
Agora, o cenário se agrava ainda mais, levantando preocupações entre economistas, investidores e cidadãos comuns sobre o impacto dessa tendência no orçamento do governo e no bolso do contribuinte.
O Que Está Por Trás Dessa Alta?
A principal razão por trás do aumento do custo da dívida é a combinação de:
- Taxa Selic elevada: Metade da dívida pública está atrelada à Selic, atualmente em 14,75%, após uma série de aumentos totalizando 425 pontos-base desde setembro do ano passado.
- Inflação persistente: A inflação anual chegou a 5,40% em meados de maio — bem acima da meta oficial de 3%, o que também encarece os títulos indexados à inflação (NTN-Bs).
- Dificuldade de ajuste fiscal: Com gastos públicos ainda elevados e reformas estruturais travadas, o risco fiscal aumenta, o que exige uma compensação maior dos investidores em forma de juros.
O Tamanho da Dívida e Como Ela Cresceu
Segundo o Tesouro, o estoque total da dívida pública brasileira (interna e externa) chegou a R$ 7,617 trilhões em abril — um aumento de 1,44% em relação ao mês anterior.
No acumulado de 2025, a dívida já cresceu R$ 300,6 bilhões.
Esse crescimento foi impulsionado por:
- Pagamentos de juros: R$ 259,4 bilhões no ano.
- Emissões líquidas de dívida: R$ 41,2 bilhões (diferença entre R$ 204,6 bilhões em emissões e R$ 164,6 bilhões em resgates).
- Alta no custo do financiamento: A pressão dos juros e inflação se traduz diretamente em maior custo para rolar a dívida.
Por Que Isso Afeta Você?
Para muitos brasileiros, esses números podem parecer distantes, mas a verdade é que eles têm impactos diretos no seu dia a dia:
- Mais juros nos financiamentos: Com o governo pagando mais para se financiar, o crédito para o consumidor também tende a ficar mais caro.
- Risco de cortes em programas sociais: Com o Tesouro gastando mais com juros, sobra menos para saúde, educação e programas de assistência.
- Inflação mais resistente: Se a política monetária não conseguir domar a inflação, o poder de compra das famílias seguirá caindo.
O Que Esperar nos Próximos Meses?
Economistas alertam que, sem uma trajetória clara de desaceleração da inflação e redução sustentável da Selic, o Brasil corre o risco de entrar em um ciclo vicioso: dívida mais cara → mais juros → mais dívida.
Além disso, o cenário externo, como a política monetária dos EUA e o crescimento da China, também pode influenciar o apetite de investidores estrangeiros por títulos brasileiros — afetando a taxa de câmbio e, indiretamente, os preços internos.
Dica para o Leitor
Se você está pensando em financiar uma casa, carro ou até parcelar compras com cartão de crédito, considere:
- Comparar taxas de juros antes de assumir qualquer dívida;
- Priorizar quitar dívidas com juros altos, como rotativo do cartão;
- Reforçar sua reserva de emergência para lidar com um cenário de maior instabilidade econômica.