A inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), voltou a subir em setembro, registrando uma alta de 0,48%.

A informação foi divulgada pelo IBGE e marca um retorno ao território positivo, após uma pequena deflação (queda de preços) de 0,11% em agosto.

Apesar de o resultado ter vindo um pouco abaixo da expectativa do mercado, que projetava uma alta de 0,52%, ele acende um alerta. No acumulado de 12 meses, a inflação agora está em 5,17%.

Esse valor continua acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central para o ano, que é de 3% com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual (ou seja, um teto de 4,5%).

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O Alívio no Supermercado Continua 

A boa notícia para o bolso do brasileiro é que o preço dos alimentos continua caindo. O grupo “Alimentação e Bebidas”, que tem o maior peso no cálculo do IPCA, registrou uma queda de 0,26% em setembro. Esta é a quarta queda consecutiva do grupo, um alívio que vem sendo sentido nas compras do dia a dia.

Segundo o IBGE, essa tendência se deve principalmente à maior oferta de produtos no mercado, resultado de boas safras agrícolas. Itens como carnes e leite longa vida ficaram mais baratos, ajudando a segurar a inflação geral.

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Então, o Que Puxou a Inflação Para Cima? 

Se a comida ficou mais barata, outros setores pressionaram o índice para cima. O grande vilão do mês foi o grupo de Transportes, impulsionado principalmente pela alta no preço da gasolina.

Outros grupos, como Habitação e Saúde e Cuidados Pessoais, também registraram aumentos e contribuíram para o avanço da inflação.

Isso mostra um cenário misto: enquanto o preço da comida dá um alívio, os custos com combustível e outros serviços essenciais continuam pesando no orçamento das famílias.

O Cenário Geral: Juros Altos Para Controlar Preços 

Essa alta na inflação reforça a estratégia do Banco Central (BC) de manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano — o maior patamar em quase 20 anos.

Por que os juros estão tão altos? A Taxa Selic é a principal ferramenta do BC para controlar a inflação. Juros altos tornam o crédito mais caro e desestimulam o consumo e os investimentos, o que ajuda a “esfriar” a economia e, consequentemente, segurar a alta dos preços.

O BC já sinalizou que pretende manter os juros nesse nível elevado por um longo período para garantir que a inflação retorne à meta.

Apesar do susto em setembro, analistas econômicos, como os da Pantheon Macroeconomics, acreditam que o quadro geral ainda é benigno.

Eles argumentam que essa pequena alta se deve a efeitos de base de comparação e que a tendência para os próximos meses ainda é de desinflação, ou seja, de um abrandamento no ritmo de aumento dos preços.