No Brasil, onde o sistema público de saúde (SUS) enfrenta desafios como longas filas, escassez de médicos e dificuldades estruturais, o seguro de saúde se torna uma alternativa cada vez mais valiosa. 

Mas antes de contratar um plano, é essencial entender com clareza o que ele cobre — e, talvez mais importante, o que não cobre.

Este guia completo foi pensado especialmente para o público brasileiro que busca uma visão prática, atualizada e realista sobre os seguros de saúde privados oferecidos no país.

Seguro de saúde x plano de saúde: qual a diferença no Brasil?

Embora muita gente use os termos como sinônimos, existe uma diferença relevante entre plano de saúde e seguro de saúde no contexto brasileiro:

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  • Plano de saúde: oferecido por operadoras e com atendimento dentro de uma rede credenciada (como Amil, Unimed, Hapvida).

  • Seguro de saúde: tem modelo de livre escolha, com reembolso parcial ou total das despesas médicas, o que permite mais autonomia ao beneficiário.

Ambos são regulamentados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), órgão que define o mínimo obrigatório de cobertura através do Rol de Procedimentos.

O que o seguro de saúde cobre no Brasil

De acordo com a ANS e as práticas do mercado nacional, os seguros de saúde no Brasil costumam cobrir:

1. Consultas médicas com especialistas

Consultas com cardiologistas, ginecologistas, ortopedistas e outras especialidades médicas estão incluídas, conforme o Rol da ANS. 

O reembolso pode variar de acordo com o valor tabelado na apólice.

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Exemplo real: Uma consulta com dermatologista particular em São Paulo custa R$ 400, mas o plano pode reembolsar até R$ 250, dependendo da cobertura.

2. Exames laboratoriais e de imagem

Exames básicos (hemograma, urina, colesterol) e avançados (ressonância magnética, tomografia, ultrassonografia) fazem parte da cobertura obrigatória.

3. Internações hospitalares

Estão incluídas diárias hospitalares, UTI, medicações durante a internação, anestesias e honorários médicos. 

Alguns seguros oferecem rede nacional com hospitais de referência como Albert Einstein, Sírio-Libanês ou Hospital Moinhos de Vento.

4. Cirurgias

Desde procedimentos simples (como retirada de cisto) até cirurgias complexas (bariátrica, cardíaca, ortopédica), conforme indicação médica e cobertura do plano.

5. Atendimento de urgência e emergência

Segundo a legislação brasileira, após 24 horas da contratação do plano, o segurado tem direito a atendimentos emergenciais (infartos, AVC, acidentes, fraturas).

6. Obstetrícia e parto

Os seguros com cobertura obstétrica incluem:

  • Pré-natal

  • Parto normal ou cesárea

  • Assistência ao recém-nascido por até 30 dias

Importante: É comum que gestantes busquem plano com cobertura obstétrica antes da gravidez, pois o prazo de carência é geralmente de 300 dias.

7. Saúde mental

Desde 2022, a ANS ampliou a cobertura obrigatória para terapias psicológicas e psiquiátricas, o que inclui sessões com psicólogos, internações e terapias para transtornos como depressão, ansiedade, autismo, entre outros.

O que o seguro de saúde não cobre no Brasil

Mesmo com coberturas amplas, existem exclusões claras previstas em contrato. Veja o que geralmente não está coberto:

1. Medicamentos de uso domiciliar

Se o médico prescrever um antibiótico para tomar em casa, o custo fica por conta do paciente. A exceção são medicamentos para câncer, como quimioterapia oral — obrigatoriamente cobertos desde 2014.

2. Cirurgias estéticas sem indicação médica

Cirurgias plásticas puramente estéticas (lipoaspiração, rinoplastia estética, silicone por vaidade) não são cobertas. Mas se houver necessidade médica, como reconstrução mamária pós-câncer, há cobertura obrigatória.

3. Procedimentos experimentais

Tratamentos que não possuem autorização da ANVISA ou que ainda não fazem parte do Rol da ANS — como terapias genéticas experimentais — não são obrigatórios.

4. Reproduções assistidas

Fertilização in vitro (FIV), inseminação artificial e congelamento de óvulos não são cobertos pelo seguro de saúde, mesmo com indicação médica.

5. Tratamentos realizados no exterior

Salvo em planos internacionais ou com cláusula específica, o seguro de saúde brasileiro não cobre procedimentos feitos fora do país.

Modalidades de cobertura mais comuns no Brasil

Os seguros de saúde no Brasil são segmentados por tipo de cobertura, conforme regras da ANS:

  • Ambulatorial: somente consultas e exames.

  • Hospitalar sem obstetrícia: internações e cirurgias, sem cobertura para parto.

  • Hospitalar com obstetrícia: inclui tudo, inclusive gravidez e parto.

  • Referência: plano completo com cobertura total prevista pela ANS.

  • Odontológico: pode ser contratado à parte, cobre procedimentos como limpeza, restauração e canal.

Carências e prazos obrigatórios no Brasil

A ANS determina carência máxima para diferentes serviços. Veja os prazos:

  • 24h para urgências e emergências

  • 30 dias para consultas e exames simples

  • 180 dias para cirurgias eletivas

  • 300 dias para parto

  • 24 meses para doenças ou lesões preexistentes

Dica: se você está migrando de outro plano com mais de dois anos, pode pedir portabilidade de carência.

Como escolher um seguro de saúde no Brasil

Antes de contratar um plano, considere:

  1. Rede credenciada: hospitais e laboratórios perto de você.

  2. Possibilidade de reembolso: ideal para quem prefere médicos fora da rede.

  3. Abrangência regional ou nacional: dependendo se você viaja muito ou não.

  4. Cobertura para dependentes: filhos, cônjuges, pais idosos.

  5. Avaliação da operadora na ANS: verifique a nota de desempenho no site oficial.

Dúvidas frequentes (FAQ)

  1. Posso usar o SUS mesmo com seguro de saúde?
    Sim. Todo cidadão brasileiro tem direito ao SUS, mesmo pagando plano privado.
  2. Posso deduzir o valor do seguro no Imposto de Renda?
    Sim, desde que o titular esteja na declaração como contribuinte ou dependente.
  3. É possível ter seguro e plano de saúde ao mesmo tempo?
    Sim, muitas famílias fazem isso: usam plano para rotina e o seguro com reembolso para especialistas de confiança.

Conclusão

Entender o que o seguro de saúde cobre (e o que não cobre) é essencial para fazer escolhas mais inteligentes e evitar frustrações em momentos de vulnerabilidade.

No Brasil, as regras da ANS ajudam a garantir um padrão mínimo de cobertura, mas é fundamental ler atentamente o contrato e adaptar o plano às suas necessidades pessoais.

Seja para fugir das filas do SUS ou garantir acesso rápido a especialistas, o seguro de saúde pode ser um grande aliado — desde que contratado com atenção e consciência.